Aviso Importante:

(O Porto Feminino é um blog sem fins lucrativos, que existe desde 2007. Todos os textos foram escritos por Carolina Miranda, e são portanto de autoria original. Não existe qualquer vínculo entre o Porto Feminino e o Porto Feminino Shop).

18/06/2013

Daqui pra frente...


Você tem mêdo de sair a noite? Você voa pelos sinais vermelhos depois das oito horas? Então esse protesto é pra você.

Você está indignado com o novo código florestal, e os danos que ele vai causar anos a fio? Então esse protesto é pra você.

Você mora em condomínio fechado, com cercas elétricas e guardas-noturnos? Então esse protesto é pra você.

Você é o guarda-noturno do condomínio fechado e ganha uma miséria? Então esse protesto é pra você.

Você é policial e ganha uma miséria pra fazer um trabalho extremamente estressante todos os dias? Então esse protesto é pra você.

Você tem filho pequeno e se preocupa onde colocar a cadeirinha atrás no carro, porque tem mêdo de ser assaltado e não conseguir tirar seu filho a tempo? Então esse protesto é pra você.

Você ganha um salário mínimo? Então esse protesto é pra você.

Os protestos que vem acontecendo no Brasil, não são sobre os 20 centavos. Isso já ficou claro. Mas o que ainda não está claro pra muitos, é que eles são para todos nós, brasileiros, cansados de não terem o PIB convertido pra saúde, educação sim, mas oferecem também a oportunidade pra o brasileiro refletir e passar a ter um pensamento mais coletivo.

Não julgue. Esse protesto é de todos. Médicos, professores, empreendendores, acionistas, desempregados, advogados, domésticas, banqueiros e bancários, homens, mulheres e crianças. Todos somos, diariamente e diretamente, afetados pela falta de infra-estrutura, e segurança  que assola o Brasil e seus cidadãos.

Ainda da tempo de tomar as rédeas e reinvidicarmos um Brasil mais justo, mais digno, com mais investimentos em áreas  de saúde, educação, e infra-estrutura. Se você não está em grandes pólos urbanos onde as manifestações estão acontecendo, então se manifeste em frente a sua prefeitura. Diga aos governantes que basta! Que você quer ver as contas, pra onde vai seu dinheiro, e como ele é gasto.

Mande seu recado pro governo: seja ele do PT, PMDB ou do PSDB (porque a direita já quer capitalizar, mas não se esqueçam: São Paulo está nas mãos do Alckmin, um dos maiores nomes do PSDB). Diga alto e claro que o governo, com sua corja desrespeitosa do povo – e o povo é você, empregador, ou empregado – diga alto e claro que ele não te representa! Exija mudanças! Mas não pare por ai…

Mas não se esqueça: daqui por diante, é preciso também tomar as rédeas por um Brasil melhor. É preciso que nós todos deixemos de ser complacentes e esperar que o governo mude tudo de uma hora pra outra, poque não vai mudar. É preciso que você NUNCA mais vote no Alckmin ou em qualquer outro politico que não mereça te representar (seu voto é um espelho seu! Vote com caráter!).

Porém, mais importante ainda, é preciso que você pare de pensar em você, e passe a pensar em nós e isso quer dizer: pague mais a sua empregada ou sua babá – dê a ela condições de realmente ter mais dignidade em sua própria vida. Dôe mais pra instituições de caridade. Advoque para que senhores e senhoras idosos tenham onde sentar no transporte público. Seja gentil e digno com sua parceira, e quando chegar em casa do trabalho, ajude ela com a louça, porque ela também trabalhou o dia todo cuidando dos seus filhos.

Não pense por um segundo, que só comprando e fazendo a economia girar você está contribuindo. Isso é uma desculpa esfarrapada de quem hoje ganha bem e não quer se responsabilizar por suas atitudes supérfulas. Mude, você, para melhor! Você concorda que o salário mínimo é uma miséria? Então pague mais aos seus empregados.

Se cada brasileiro sair nas ruas todos os dias com uma attitude coletiva, sendo o melhor de si, sendo menos supérfulo, sendo gentil e honesto, ai sim, eu acredito que o país pode mudar. Essa luta, esses protestos, eles não são sobre o PT ou o PSDB, por vinte centavos, ou não e a mudança não está, tão pouco nas mãos dos partidos. Eles são sobre você.

E ai? Vai ser diferente daqui pra frente? 

19/02/2013

Você jamais se arrependerá...


Um texto anônimo que já li por ai na internet, mas uma amiga minha querida trouxe a tona novamente. Vale a pena ler... 

"Estávamos sentadas almoçando, quando minha filha casualmente menciona que ela e seu marido estão pensando em 'começar uma família'.
'Nós estamos fazendo uma pesquisa', ela diz, meio de brincadeira. 'Você acha que eu deveria ter um bebê?' 
Vai mudar a sua vida' eu digo, cuidadosamente mantendo meu tom neutro. 
'Eu sei' ela diz, 'nada de dormir até tarde nos finais de semana, nada de férias espontâneas.. .' 
s não foi nada disso que eu quis dizer. Eu olho para a minha filha, tentando decidir o que dizer a ela. Eu quero que ela saiba o que ela nunca vai aprender no curso de casais grávidos. Eu quero lhe dizer que as feridas físicas de dar à luz irão se curar, mas que tornar-se mãe deixará uma marca emocional tão exposta que ela estará para sempre vulnerável. 
Penso em alertá-la que ela nunca mais vai ler um jornal sem se perguntar 'E se tivesse sido o MEU filho?' Que cada acidente de avião, cada incêndio irá lhe assombrar. Que quando ela vir fotos de crianças sofrendo, ela se perguntará se algo poderia ser pior do que ver seu filho sofrer. 
Olho para suas unhas com a manicure impecável, sua roupa estilosa e penso que não importa o quão sofisticada ela seja, tornar-se mãe irá reduzi-la ao nível primitivo da ursa que protege seu filhote. Que um grito urgente de 'Mãe!' fará com que ela derrube um suflê na sua melhor louça sem hesitar nem por um instante. 
Eu sinto que deveria avisá-la que não importa quantos anos ela investiu em sua carreira, ela será, de certa forma, arrancada dos trilhos profissionais pela maternidade. Ela pode conseguir uma escolinha, uma ótima babá... mas um belo dia ela entrará numa importante reunião de negócios e pensará no cheiro do seu bebê. Ela vai ter que usar cada milímetro de sua disciplina para evitar sair correndo para casa, apenas para ter certeza de que o seu bebê está bem. 
Eu quero que a minha filha saiba que decisões do dia a dia não mais serão rotina. Que a decisão de um menino de 5 anos de ir ao banheiro masculino ao invés do feminino no McDonald's se tornará um enorme dilema. Que ali mesmo, em meio às bandejas barulhentas e crianças gritando, questões de independência e gênero serão pensadas com profundidade. 
Não importa o quão assertiva ela seja no escritório, ela se questionará constantemente como mãe. 
Olhando para minha atraente filha, eu quero assegurá-la de que o peso da gravidez ela perderá eventualmente, mas que ela jamais se sentirá a mesma sobre si mesma. Que a vida dela, hoje tão importante, terá um valor diferente quando ela tiver um filho. Que ela a daria num segundo para salvar sua cria, mas que ela também começará a desejar por mais anos de vida – não para realizar seus próprios sonhos, mas para ver seus filhos realizarem os deles. 
O relacionamento de minha filha com seu marido irá mudar, mas não da forma como ela pensa. Eu queria que ela entendesse o quanto mais se pode amar um homem que tem cuidado ao passar pomadinhas num bebê ou que nunca hesita em brincar com seu filho. Eu acho que ela deveria saber que ela se apaixonará por ele novamente por razões que hoje ela acharia nada românticas. 
Eu gostaria que minha filha pudesse perceber a conexão que ela sentirá com as mulheres que através da história tentaram acabar com as guerras, o preconceito e com os motoristas bêbados. 
Eu espero que ela possa entender porque eu posso pensar racionalmente sobre a maioria das coisas, mas que eu me torno temporariamente insana quando eu discuto ameaças para o futuro de meus filhos. 
Eu quero descrever para minha filha a enorme emoção de ver seu filho aprender a andar de bicicleta... 
Eu quero mostrar a ela a gargalhada gostosa de um bebê que está tocando o pelo macio de um cachorro ou gato pela primeira vez... 
Eu quero que ela prove a alegria que é tão real que chega a doer...
O olhar de estranheza da minha filha me faz perceber que tenho lágrimas nos olhos.
'Você jamais se arrependerá', digo finalmente. 
Então estico minha mão sobre a mesa, aperto a mão da minha filha e faço uma prece silenciosa por ela, e por mim, e por todas as mulheres meramente mortais que encontraram em seu caminho este que é o mais maravilhoso dos chamados. Este presente abençoado de Deus... que é ser Mãe.”


Beijos a todos.

24/01/2013

De volta ao Porto...

Que saudade do meu Porto! Faz quase dois anos que saí na minha última jornada, e deixei meu Porto aqui quase desamparado... Como é bom voltar "pra casa".

Para aqueles que não me conhecem, mas que seguem pacientemente e fielmente meu blog, uma explicação breve: tive minha filha (que amanhã faz dois anos!) e voltei a trabalhar, ai fiquei grávida de novo, e tive outra menina linda (que dia 31 faz 5 meses)! Uma benção. Mas uma loucura ao mesmo tempo. Aliás, tempo era o que eu menos tinha.

Mas esse mesmo tempo que antes parecia me faltar, foi tomando outras formas, vai passando e a vida vai tomando seu rumo, e vamos reavaliando nossas prioridades. Numa conversa com um amigo querido outro dia, me dei conta do quanto sinto falta de pensar, de articular, escrever, de compartilhar idéias. De deixar registrado momentos e assuntos pela minha percepção. Escrever é realmente um prazer pra mim, quase tão grande como ler um bom livro com um copo de vinho saboroso na mão.

Acho que precisei dessa distancia do Porto para terminar minha saga de querer ser mãe e me transformar em mãe. Por isso volto praqui renovada. O Porto foi um blog que teve sua vida pré-natal... E agora acho que está na hora dele se renovar também, e vir a ser um blog diferente, não mais sobre a busca ou sobre o vazio, mas sobre a jornada, e o que se encontra ao longo dela.

Então estou aqui, de volta, depois da minha saga dos últimos dois anos que deixa qualquer Ulisses no chinelo. E espero que eu consiga dividir um pouco do que essa experiência de maternidade me trouxe e das questões novas que surgem durante a jornada.

Mas não se preocupe que nesse primeiro texto, não vou simplesmente falar "oi" e sair, deixando meus leitores de mãos abanando. Quero dividir um livro que eu amei e li antes de ter a minha segunda filha. Chama-se "Think", da Lisa Bloom. Infelizmente ele ainda não foi traduzido para o Português, mas já está a venda na Livraria Cultura.

Eu recomendo essa leitura para todas as mulheres que eu conheço e pra todos os pais e mães de menininhas que conheço. "Think"é um livro feminista e que não se desculpa por isso. Lisa Bloom é uma feminista assumida, e em seu livro lida com assuntos importantes que permeiam a vida de qualquer mulher. Eles vão desde política, e a presença feminina nesta (ou falta dela), até os jantares que fazemos e como facilitar nossa vida (de acordo com Bloom, as mulheres ainda passam muito tempo na cozinha, desnecessariamente - e confesso que o modo dela colocar essa questão mudou minha vida!).

Não vou fazer uma resenha desnecessária do texto, porque quem quiser pode ler por si só.

E sobre os próximos textos, deixo aqui só uma lasquinha do que estar por vir: receitas, livros de receitas, panelas que salvam a família, livros deliciosamente femininos e feministas, entrevistas que curti e vou dividir, informação sobre o parto e a cesária, e muita coisa ligada a maternidade como problemas no casamento, espiritualidade, filhos e como criá-los, etc. Espero poder dividir um pouco da minha jornada até agora, e o que tem me inspirado.

Pra quem quiser espiar o livro da Lisa Blom, aqui ficam os links:

Livraria Cultura

Amazon.com 

Até a próxima,
Carol