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(O Porto Feminino é um blog sem fins lucrativos, que existe desde 2007. Todos os textos foram escritos por Carolina Miranda, e são portanto de autoria original. Não existe qualquer vínculo entre o Porto Feminino e o Porto Feminino Shop).

20/05/2010

Encruzilhadas...

Foi difícil escolher sobre o que escrever essa semana. Fiquei tão pensativa, e pra falar a verdade, até esse último segundo, enquanto o computador abria a página de posting do blog, eu achei que iria escrever sobre amizades, na verdade, em como amizades mudam (e as vezes acabam...) com o tempo.

Mas no fundo, eu percebi que a semana inteira o tópico era um só: encruzilhadas. São esses momentos na vida que a gente sabe que tem tantos caminhos pra escolher, tantas possibilidades, e que escolher um desses caminhos significa deixar pelo menos outros três, e então ou a gente tem fé e coragem, ou não. Pode até ser que as outras trilhas (que foram deixadas pra tras em certo momento) cruzem de novo com o caminho que a gente escolheu seguir, mas a verdade é que não saberemos nunca e só tem um jeito de descobrir o que estar por vir: continuar indo. Continuar andando. 

No fundo, eu acho que a gente se depara com encruzilhadas o tempo todo: na vida amorosa, no trabalho, na vida familiar, na vida social... 

Na vida amorosa por exemplo, lembro bem do momento em que realmente saquei o que significava estar casada pra mim. Infelizmente, essa revelação no meu caso pelo menos, veio uns três anos depois de eu já estar casada oficialmente... Mas o meu casamento mudou mesmo quando eu percebi que escolher uma pessoa pra se passar o resto da vida, é no fundo, uma aventura muito maior e mais profunda (e mais incerta) do que quando a gente começa um novo relacionamento com uma nova pessoa. 

Nos relacionamentos que estão começando a pessoa pode ser novidade, mas a sequência de eventos da relação é completamente repetitiva. Namorei umas tantas pessoas, e quando eu olho pra trás, o começo era sempre o mesmo: excitante, quase obsessivo! Mas o fim eminente também era sempre muito familiar... Quando passei por maus bocados no meu casamento, e quando o barco quase afundou de vez, a gente resolveu tentar de novo. Casamos de novo. Dessa vez, só eu e meu marido, sem festa, só com uma canoa e um casal de castores que estavam fazendo a casinha deles e que serviram de testemunha... Escolhi a trilha longa da encruzilhada... Cansei de rodar em círculos.

Existe algo infinito, incerto, e de certa forma assustador sobre o ato de se passar uma vida inteira do lado de uma pessoa. Mas uma coisa eu digo com certeza (hoje): não existe rotina. Simplesmente porque com dois seres-humanos envelhecendo juntos, tudo pode mudar a qualquer momento. Então casamento é um exercicio constante de renovação, de eterno entendimento. As pessoas mudam. Todo mundo muda. Acho inclusive um pouco ingênuo achar vamos continuar sendo sempre os mesmos. 

Amizade é assim também. Todas as minhas amizades mudaram com o tempo. É impossível não mudar - nossa vida muda, toma rumos diferentes, as pessoas crescem, tomam decisões importantes, alteram valores, reavaliam quem são... E com isso algumas amizades se distanciam, outras se aproximam.  O difícil é saber como mater as portas abertas pros amigos que estão distantes no momento. Essa é outra encruzilhada.

Ultimamente tenho lidado com isso. Tenho duas amigas aqui por quem tenho muito carinho e respeito, mas que no fundo, fizemos escolhas completamente diferentes e nossa vida não podia estar mais distante. O problema mesmo nem é a distância que nos separa, mas é o quanto uma das minhas amigas se deixou consumir por uma energia negativa, uma auto-piedade que pra ser sincera, testa a minha paciência. Aliás tem uma coisa que hoje pra mim é fundamental em qualquer prospecto de amizade: a capacidade de que o amigo em potencial tem de honrar suas próprias escolhas, de se responsabilizar por suas ecruzilhadas. 

Isso não quer dizer que não podemos mudar de idéia no caminho. Claro que sim. Mas ai com certeza, é um momento em que nos vemos diante de outra encruzilhada, é um momento de se reavaliar, e talvez continuar no mesmo caminho, ou seguir outra rota. 

Como esse blog tinha por intenção inicial discutir o meu empasse, a minha encruzilhada de querer ou não ter filhos, não tem como eu deixar de fazer aqui um paralelo. Eu acho que ter filhos é uma dessas encruzilhadas que Deus põe na nossa frente. No fim, o importante é escolher um caminho e aceitar a escolha com dignidade - enxergando a beleza que esse caminho tem pra oferecer. 

Tem gente que diria que esse papo soa demais com resignação. Eu discordo. Resignação tras em si um aspecto triste, uma idéia de que viver em arrependimento é necessário. Eu discordo profundamente. Eu acho que na fúria de tentar sempre achar algo novo, algo perfeito, algo supremo, nós perdemos duas coisas: a paciência que realmente precisamos pra viver, e a capacidade de nos comprometer, de honrar nossas escolhas a longo prazo.

Enfim... Qualquer que seja sua encruzilhada, eu te desejo paciência e coragem o suficiente pra não olhar apenas pra tras e ficar pensando nos caminhos não cruzados. Que você tenha consiga ver o que está ao seu redor, no caminho escolhido. 

Continuemos todos caminhando...  
Carol

2 comentários:

Ilzete disse...

Oi amor, voce colocou muito bem 'A vida é feita de Encruzilhadas'.
Muitas vezes pegamos alguns 'Atalhos' mas acho que tudo é válido e normal, isso é 'VIDA'.
Beijos paixão, e até...
Mamis

Anônimo disse...

Lindo o texto!Ah!como eu te amo!obrigada pelo texto!vc queria escrever sobre amizade, mudou o rumo, mas escreveu exatamente o que eu estava precisando ler! sintonia!

continuemos caminhando...
bjs
Mi