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(O Porto Feminino é um blog sem fins lucrativos, que existe desde 2007. Todos os textos foram escritos por Carolina Miranda, e são portanto de autoria original. Não existe qualquer vínculo entre o Porto Feminino e o Porto Feminino Shop).

20/09/2010

A hora é sempre essa. Não existe outra.

Estou a essa altura, devendo dois postings pro Porto! Desde meu último texto, tantas coisas mudaram que nem sei por onde começar. Mas... Como eu disse no texto anterior, aqui na América do Norte, Setembro traz um cheiro de renovação, de mudança, de frutas frescas de outono. Uma coisa muito importante, e que altera completamente o rumo das minhas reflexões do meu blog, e que estou devendo já há alguns meses pra qualquer leitor que páre por aqui, é dividir o fato de que meu marido e eu estamos esperando nosso primeiro (e talvez único) filho. Na verdade, filha. Estou grávida de cinco meses, e não revelei o acontecido antes, por várias razões: primeiro porque quando tudo aconteceu, eu confesso que fiquei chocada. Feliz, porém chocada. E segundo porque logo depois disso entrei de férias, e precisava realmente do Santo descanso, como já comentei. Como tanto do meu questionamento no ano passado disse respeito justamente ao fato de eu me permitir ou não ficar grávida, acho que muitas pessoas podem querer a saber como foi então que eu resolvi? A resposta mais sincera na verdade é que eu não me resolvi. Eu vi que quanto mais eu me questionava, mais eu pensava, mais eu ponderava, mais eu rodava em circulos, e não chegava em lugar nenhum. Então a única decisão que eu realmente foi largar tudo e deixar Deus tomar um pouco das rédeas da minha vida. Dividir as responsabilidades com Ele. Fiquei pensando "e se eu nem puder ter filho?" Chega uma hora que a gente percebe que quanto mais controle a gente quer ter, menos a gente tem. E com isso vem uma humildade plena de saber que o que tiver que ser vai ser, então o melhor é mesmo se entregar pra vida. Quem também está se perguntando se eu esperei pela "hora certa" pra me entregar pra vida, a resposta é não. Eu ainda não tenho um emprego fixo, ainda não fiz minha carreira do jeito que eu quero, ainda não tenho meu Mestrado (ou meu doutorado) e ainda tem muita, muita coisa que eu quero fazer nessa vida. Mas ai entrou outra questão - quanto mais eu analisava e tentava adivinhar qual seria a hora certa, menos eu encontrava qualquer dica de quando isso seria. Como eu tenho muitos sonhos pessoais, parecia nunca haver uma brechinha de tempo sobrando pra me comprometer com um ser-humano da minha própria criação pelos próximos 25 anos (como disse uma amiga minha). Então percebi que a hora certa não necessariamente existe... Mas que eu corria o risco de acabar só com a hora errada. Eu tenho 29 anos (por isso posso contar com um pouquinho mais de tempo), mas meu marido já tem 47. E ai me deparei com um jogo de xadrez contra o tempo em que ou eu ou ele uma hora, iríamos dar um xeque-mate. Enfim. O que posso dizer é que acho que não deu nem três semanas depois de eu ter "largado tudo" e engravidei. Talvez um mês... O que eu costumo dizer é que Deus correu pelo céu procurando alguma alma que quisesse se implantar no meu ventre enquanto ainda tivesse tempo, porque Ele sabia que se eu voltasse a pensar novamente, talvez a oportunidade passasse... E deve mesmo ter sido um corre-corre lá no céu. E agora, cinco meses depois, estamos esperando uma menininha... E que vai ser muito amada e bem-vinda, e que vai mudar a nossa vida de vez, pra sempre, sem dúvidas. Como esse é realmente meu primeiro texto em Setembro de 2010, fico por aqui. Já nesses cinco meses, muitas coisas mudaram, muitas coisas me fizeram pensar e a impressão que tenho é que já existe material pra eu escrever um livro inteiro, imaginem então um blog. Mas por hora, fico por aqui com a seguinte (sincera) mensagem: pra qualquer pessoa que venha a ler meu blog e que como eu me senti, se sente perdida, rodando em circulos, eu te desejo paz. Eu espero que uma hora você tome a coragem de parar de rodar, de parar de querer controlar tanto o seu próprio caminho e que você se permita deixar ser guiada por uma força maior de um mistério tão profundo, que nunca teríamos a capacidade de reproduzir com nossas próprias mãos. Pra você, talvez isso signifique se permitir carregar um filho. Pra um outro você, talvez isso signifique largar tudo e viajar pela India. Para um outro você, isso talvez signifique largar um emprego que odeie, só pra conseguir abrir uma outra porta e ver o que está te esperando do outro lado. Mas de qualquer forma, o importante é parar de rodopiar. E tentar (nem que seja de vez em quando), se deixar levar. Carolina

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