Queria expor o fato de que logo depois que eu voltei de Cuba, e escrevi sobre todo o acontecido infame, eu recebi dois visitantes de Moscow no meu blog!
Moscow!
Os outros pontinhos na Europa eu até que consigo explicar. Tenho amigas vivendo na Itália, na Suécia, na Noruega. Mas em Moscow? Não que eu saiba. E eu acho coincidência demais ter dois leitores justamente do único outro país aliado a Cuba na sua doentia farsa comunista.
Então fica aqui minha mensagem pros leitores de Moscow - eu os monitoro tanto quanto vocês me monitoram, e agora todos os meus leitores sabem da sua existência também.
до свидания
Carolina
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Aviso Importante:
(O Porto Feminino é um blog sem fins lucrativos, que existe desde 2007. Todos os textos foram escritos por Carolina Miranda, e são portanto de autoria original. Não existe qualquer vínculo entre o Porto Feminino e o Porto Feminino Shop).
28/04/2010
Retificando as reticências...
Eu re-li meu texto, depois que ele ja estava no ar... E tem uma coisa que eu preciso expressar melhor: não é a função do ator, ou a profissão, que carrega a vaidade da qual que estava falando. Era a minha relação com essa função que não era saudável. A química entre eu e a profissão de atriz não funcionava, principalmente porcausa da minha vaidade. Eu conheço atores generosíssimos. Aliás, uma das minhas amigas de infância mais queridas, a Paulinha, é uma das atrizes mais gentis e de coração aberto que conheço. A função de ator me fazia sentir no centro das atenções, mas não que isso aconteça pra todos que optem por esse caminho. Como eu disse, o duro é achar o caminho certo. A Paula, aliás, é uma das poucas pessoas que conheço que foram como flecha ao alvo desde o começo.
Eu li o blog da minha prima Thais hoje, e ela fala justamente desse sentimento que a incapacita de ser genuina com a ela mesma. Eu me identifiquei muito com o texto, porque eu tenho a impressão que estou sempre competindo com a vida, com o tempo, comigo mesma e quem estiver ao redor. Competindo por status, por carinho, por dinheiro, por atenção, por reconhecimento, etc. E o pior de tudo é que eu acho que isso é um traço muito mais feminino do que masculino e acho que é doentio, patológico mesmo, e beira a obsessão compulsiva.
Mais triste ainda mesmo é perceber que as coisas pioraram com os anos - ou no mínimo não mudaram. Eu tenho assistido ao seriado Mad Men (que no Brasil é mostrado pela HBO). É uma desgraça ver que os dilemas das mulheres da época do seriado - inicio de 1960 em Nova Iorque - são os mesmos de tantas mulheres de hoje (inclusive os meus)! E olhe que meu marido é um anjo, comparado aos homens do seriado... E se os homens então não podem servir diretamente como variáveis nessa equação, qual seria então a variável? O que causa tanta ansiedade em tantas mulheres hoje? O que causa tanto sentimento de auto-frustração e decepção?
Um amigo meu, o Brandon, ja me disse que ele acha que o maior problema das mulheres são as próprias mulheres. Vai ver ele tem uma certa razão nisso tudo. Eu pessoalmente tenho o dom de complicar a minha vida sempre que possível. Quando aparece a menor oportunidade, eu complico. E complico bem. Ou fico remoendo tudo o que ja estava complicado. Ou fico temendo o que estar por complicar. Um talento e tanto, se pararmos pra pensar - mas que não me serve de absolutamente nada. O meu irmão aliás ja me disse uma vez que eu ainda vou morrer com uma úlcera se eu não aprender a desencanar. Acho que ele está certo.
Mas de onde vem isso tudo? Essa vaidade? Essa necessidade compulsiva de ser a melhor em tudo (eu não consigo nem plantar uma muda no jardim sem estudar todas as possibilidades, ter que fazer um design inteiro do jardim. Meus hobbies - todos - viram uma compulsão perfeccionista). A teoria que eu tenho é a seguinte: as mulheres crescem com a expectativa de que para serem amadas, tem que estar sempre agradando. Parem pra pensar: quando um menino tira nota baixa na escola, não é um estardalhaço tão grande como se fosse a menina na família. Eu vejo isso com meus próprios alunos. Os pais dos meninos ja tem uma expectativa mais saudável e realistica desde a primeira série. As meninas no entanto, são as queridinhas da família. Recebem amor por fazerem as coisas certas, de modo certo, e crescem querendo agradar. E não tem quem escape. É como destreinar cachorro - a gente faz um carinho e ri quando eles pulam (sem perceber que ai, cada vez eles pulam mais, e mais alto).
Acho que conosco, mulheres, é a mesma coisa. Quando somos meninas, recebemos carinho pelos nossos pulinhos infantis, mas nossos pais não percebem que mais pra frente, os pulinhos deixam de fazer efeito e em algum momento acho que toda mulher acaba achando que tem que pular da ponte pra chamar atenção, pra agradar, pra ser vista. Os meninos não.. já se acostumaram com expectativas mais baixas. Cresceram com elas. Sem contar a garantia que eles tem pelo fato de serem homens: mais chances de emprego, promoção, opções etc.
Tudo isso é realmente um vulcão a espera da erupção.
Enfim, eu queria deixar claro que a vaidade da qual falei na semana passada, foi a minha vaidade, a que eu uso constantemente pra contar meus pontos. Perda de tempo.
Pois aqui fica então o meu desejo de descomplicação, de auto-aceitação pra quem venha a ler esse texto. Chutem o balde, se atrasem, digam não, percam e deêm risada da perda, não lavem a louça, não passem a roupa, não façam a unha, depilem quando quiserem e se quiserem, não agradem, exijam que os maridos alimentem as crianças, ou os gatos, ou os cachorros pelo menos três dias da semana - se libertem da necessidade de serem perfeitas, impecáveis. Se libertem de vocês mesmas. Não se sintam menos amadas caso sua mãe, sua tia, seu filho, sua filha, discordem de vocês. Lembrem-se que discordar não significa amar menos, que o mundo vai continuar no lugar, que o sol vai continuar brilhando, e que sua mãe, tia, filho e filha vão continuar te amando. Celebrem suas vitórias, se dêem valor. Passem a se amar um pouquinho mais - mas não o amor cheio de expectativas: tem que ficar bonita, tem que pesar isso, ou aquilo. Como ja disse Hebert Vianna, "saber amar, saber deixar alguém te amar".
Eu vou fazer o mesmo.
Carol
Eu li o blog da minha prima Thais hoje, e ela fala justamente desse sentimento que a incapacita de ser genuina com a ela mesma. Eu me identifiquei muito com o texto, porque eu tenho a impressão que estou sempre competindo com a vida, com o tempo, comigo mesma e quem estiver ao redor. Competindo por status, por carinho, por dinheiro, por atenção, por reconhecimento, etc. E o pior de tudo é que eu acho que isso é um traço muito mais feminino do que masculino e acho que é doentio, patológico mesmo, e beira a obsessão compulsiva.
Mais triste ainda mesmo é perceber que as coisas pioraram com os anos - ou no mínimo não mudaram. Eu tenho assistido ao seriado Mad Men (que no Brasil é mostrado pela HBO). É uma desgraça ver que os dilemas das mulheres da época do seriado - inicio de 1960 em Nova Iorque - são os mesmos de tantas mulheres de hoje (inclusive os meus)! E olhe que meu marido é um anjo, comparado aos homens do seriado... E se os homens então não podem servir diretamente como variáveis nessa equação, qual seria então a variável? O que causa tanta ansiedade em tantas mulheres hoje? O que causa tanto sentimento de auto-frustração e decepção?
Um amigo meu, o Brandon, ja me disse que ele acha que o maior problema das mulheres são as próprias mulheres. Vai ver ele tem uma certa razão nisso tudo. Eu pessoalmente tenho o dom de complicar a minha vida sempre que possível. Quando aparece a menor oportunidade, eu complico. E complico bem. Ou fico remoendo tudo o que ja estava complicado. Ou fico temendo o que estar por complicar. Um talento e tanto, se pararmos pra pensar - mas que não me serve de absolutamente nada. O meu irmão aliás ja me disse uma vez que eu ainda vou morrer com uma úlcera se eu não aprender a desencanar. Acho que ele está certo.
Mas de onde vem isso tudo? Essa vaidade? Essa necessidade compulsiva de ser a melhor em tudo (eu não consigo nem plantar uma muda no jardim sem estudar todas as possibilidades, ter que fazer um design inteiro do jardim. Meus hobbies - todos - viram uma compulsão perfeccionista). A teoria que eu tenho é a seguinte: as mulheres crescem com a expectativa de que para serem amadas, tem que estar sempre agradando. Parem pra pensar: quando um menino tira nota baixa na escola, não é um estardalhaço tão grande como se fosse a menina na família. Eu vejo isso com meus próprios alunos. Os pais dos meninos ja tem uma expectativa mais saudável e realistica desde a primeira série. As meninas no entanto, são as queridinhas da família. Recebem amor por fazerem as coisas certas, de modo certo, e crescem querendo agradar. E não tem quem escape. É como destreinar cachorro - a gente faz um carinho e ri quando eles pulam (sem perceber que ai, cada vez eles pulam mais, e mais alto).
Acho que conosco, mulheres, é a mesma coisa. Quando somos meninas, recebemos carinho pelos nossos pulinhos infantis, mas nossos pais não percebem que mais pra frente, os pulinhos deixam de fazer efeito e em algum momento acho que toda mulher acaba achando que tem que pular da ponte pra chamar atenção, pra agradar, pra ser vista. Os meninos não.. já se acostumaram com expectativas mais baixas. Cresceram com elas. Sem contar a garantia que eles tem pelo fato de serem homens: mais chances de emprego, promoção, opções etc.
Tudo isso é realmente um vulcão a espera da erupção.
Enfim, eu queria deixar claro que a vaidade da qual falei na semana passada, foi a minha vaidade, a que eu uso constantemente pra contar meus pontos. Perda de tempo.
Pois aqui fica então o meu desejo de descomplicação, de auto-aceitação pra quem venha a ler esse texto. Chutem o balde, se atrasem, digam não, percam e deêm risada da perda, não lavem a louça, não passem a roupa, não façam a unha, depilem quando quiserem e se quiserem, não agradem, exijam que os maridos alimentem as crianças, ou os gatos, ou os cachorros pelo menos três dias da semana - se libertem da necessidade de serem perfeitas, impecáveis. Se libertem de vocês mesmas. Não se sintam menos amadas caso sua mãe, sua tia, seu filho, sua filha, discordem de vocês. Lembrem-se que discordar não significa amar menos, que o mundo vai continuar no lugar, que o sol vai continuar brilhando, e que sua mãe, tia, filho e filha vão continuar te amando. Celebrem suas vitórias, se dêem valor. Passem a se amar um pouquinho mais - mas não o amor cheio de expectativas: tem que ficar bonita, tem que pesar isso, ou aquilo. Como ja disse Hebert Vianna, "saber amar, saber deixar alguém te amar".
Eu vou fazer o mesmo.
Carol
18/04/2010
Da vaidade a humildade
Ja faz muito tempo que reflito a respeito do quanto a vaidade afeta o ser-humano. Há alguns anos, eu tenho tentado enxergar como me deixei levar por vaidade em tantas estâncias da minha vida, e ao ver o estrago, passei a fazer um esforço sobre-humano pra realmente me limpar espiritualmente dessa doença de alma. Quanto mais eu penso sobre o assunto, mais eu percebo que não é atoa o fato da vaidade ser o primeiro pecado capital na lista de São Tomás de Aquino...
Muita gente me julgou por aqui, quando resolvi largar de vez o teatro. Muitos acharam que eu tinha escolhido a vida capitalista, e que tinha deixado de priorizar a arte, etc. Eu mesma me julguei, mas ainda assim, algo muito forte dentro de mim dizia que aquele não era o meu caminho. Depois de muito erro e auto-flagelação, tomei coragem e disse: não. O que eu falhei ao perceber na época, e que hoje está mais claro, é que o meu problema por muitas vezes foi a vaidade: vaidade de deixar algo em que eu realmente era boa e fazia sucesso, vaidade em deixar uma arte em que se é o centro das atenções... Não estou falando da vaidade física (apesar dessa também ser um problema sério pra muitos, inclusive pra mim, e especialmente ai no Brasil). Estou falando da vaidade que temos ao pensar que somos insubstituíveis, e que se deixarmos um barco pra procurar outros barcos, aquele barco que deixamos afunda...
Outro dia eu vi um vídeo que meu irmão mandou pra mim, e uma frase me marcou muito. "Se todos os insetos desaparecessem da face da terra, em 50 anos não haveria mais vida na terra. Se todos os humanos desaparecessem, em 50 anos, todas as espécies de vida floreceriam como nunca antes" Jonas Salk.
Fiquei com isso na cabeça, e olhando pros passarinhos que vem comer no meu quintal. Fiquei olhando pras árvores que tem na trilha que fica aqui atrás de casa... E percebi o quanto eu não sou importante pra esse mundo. A nossa vaidade gosta de fazer a gente pensar que é. Claro que somos importantes na medida em que formamos relações humanas, de amor, de apego, mas se pararmos realmente pra pensar, o mundo do teatro, da educação, da escrita, não pararia de girar caso eu morresse hoje, ou amanhã. Os buracos fundos ficariam mesmo é nas nossas relações familiares, e de afeto.
Por isso, estou tentando ao máximo colocar mais perspectiva no que faço. Não é fácil limpar a alma, e a vida de vaidades. Por todos os lados, existem mensagens a todo momento nos lembrando de que se não somos assim ou assado, se não temos isso ou aquilo, de que então não somos ou não temos o suficiente. Ou de que se abandonamos um projeto, seremos mal vistos, julgados - ou como fracos (faltou coragem pra ir adiante), ou como egoístas (só pensa em si mesmo). Eu sempre tive muito problema com a vaidade; sempre quis agradar, provar ao mundo quem eu era, ao ponto de esquecer o que realmente eu penso, ou o que eu quero, ou o que eu sinto.
Ter largado o teatro foi uma das melhores coisas que eu fiz pra minha sanidade, saúde e paz de espírito. Aprendi a reconhecer que pra mim uma rotina é extremamente importante, que poder escolher ficar em casa numa sexta a noite tomando vinho é fundamental. Minhas ambições alimentaram minhas vaidades de tal forma que por muito tempo quase esqueci de priorizar o que realmente importa na minha vida - bicho, planta, casa, crianças, e família.
O fato de eu ser completamente sonhadora e querer sempre contribuir pra um mundo melhor também as vezes atrapalha, porque os sonhos também se intoxicam por vaidades. É claro que eu quero um mundo melhor - não teria sentido viver a vida sem a tentativa de evoluir como ser-humano. Porém tenho que lembrar que nesse mundo existem mais de 7 bilhões de pessoas, e que eu não preciso ser a única responsável pra mudá-lo.
Queria também mencionar a história de Fernando Pessoa, que eu acho que nem todos se dão conta, lembram, ou páram pra pensar quando lêem a sua poesia. Fernando Pessoa - seguramente um dos maiores e mais importantes poetas da língua portuguesa, publicou apenas um livro antes de sua morte: Mensagem - e mesmo assim, morreu apenas um ano depois de sua publicação. Quando ouvimos falar de Fernando Pessoa hoje, fantasiamos sobre o famoso poeta e escritor - que ele sem dúvida foi. Mas a palavra "famoso", o contexto de glamour, quem traz essa bagagem pra conversa somos nós, com nossa própria fantasia. Do homem Pessoa sabemos pouco e o que sabemos, é relativamente ordinário e triste.
O que eu aprendi nos últimos anos, é que a nossa contribuição pro mundo será ou não significativa, na medida que nos aproximamos mais da nossa verdade interior, sem nos preocuparmos em fazer fans, em agradar, em nos fazer ouvir. Apenas ser quem somos é o suficiente - o problema é primeiro descobrir quem somos, e depois ficar em paz com a descoberta. Quando eu penso em Pessoa, eu dou graças a Deus dele ter tido tão pouca vaidade e ter continuado a escrever, sem se desistir diante do fato de não ser publicado. Escrever é o que lhe era essencial.
E assim vou humildimente vivendo. Ensinando crianças a ler, a serem eles mesmo, a pisarem nesse mundo com graça, delicadeza, e afeto, a serem gentís com eles mesmo. Vou vivendo catando o lixo na beira do rio que eu amo sem que mais ninguém na minha vizinhança saiba ou perceba, fazendo bolos e saladas, brincando com cores e texturas. Sigo amando o silêncio da minha casa, e a presença carinhosa do meu marido e da Dona Lola. Acima de tudo, vou vivendo me permitindo ser o suficiente.
Termino aqui dividindo uma oração que ouvi pela primeira vez em uma entrevista com a Rosanne Cash: "Eu rendo minhas vontades, pra vontade do universo absoluto" - ou como (invarieavelmente) já disse a Clarice: "Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece, como mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."
Namastê
11/04/2010
Filhos da Esperança
Uma outra coisa que me marcou muito em Cuba, foi o fato de que ficamos hospedados em um hotél que não admitia crianças. Eu sempre ouvi falar desses tipos de hotéis, e aqui no Canadá mesmo existe uma cultura de não poder trazer crianças pra certas funções - como por exemplo casamentos.
Eu nunca tinha parado pra pensar no entanto, o que isso realmente significaria, ou como essa experiência me afetaria... O hotel em si, era muito bonito, 5 estrelas, mas eu achei o ar meio deprimente logo no primeiro. As pessoas ficavam ali fumando seu charutos, conversando sobre a vida, mas era como se tudo isso fosse mera retórica (e com um certo cheirinho de mofo), pois não havia a presença da forma mais absoluta de vida. O clima era de algo meio parado no ar, sem espontaneidade, sem pulso, as vezes falso, as vezes confinado.
Fiquei pensando em como é bom descer pro café da manhã de hoteis, e ver criancinhas fazendo caretas ao experimentar frutas que nunca viram, ou ir pra praia e ver um mundo novo se abrir ao pisar no mar pela primeira vez. No nosso hotél, não havia renovação, não havia descobertas, não havia magia. Quem estava ali, ja tinha vivido, aliás pode se dizer que alguns já tinham até morrido, mas continuavam a rondar assim, meio zombis.
E se Deus escreve certo por linhas tortas eu não sei, mas deve saber la o que faz, porque finalmente encontrei a minha resposta. Enquanto eu estava naquele hotel, fiquei pensando no filme Filhos da Esperança e num mundo completamente vazio dessa camada primordial da sociedade, um mundo sem crianças. A Nádia, uma amiga querida, me disse que a resposta pro meu dilema viria assim, sem eu pensar muito; que eu saberia e ponto. E enquanto eu fiquei ali, ficou muito claro que eu quero sim ter filhos.
Que fique claro o seguinte: essa resposta a qual encontrei, é a minha resposta. Não é uma resposta universal. Ainda acho que esse negócio de ter filho ou não é complicadíssimo, e bastante íntimo, e é uma conversa a qual deveríamos estar sempre abertos, mas não tem como negar: o diálogo final geralmente se dá apenas entre a mulher e Deus.
O que ficou claro pra mim, é que invariavelmente, a gente envelhece, e que criança traz renovação, traz descobertas, traz o novo. E sem essa renovação, eu acho que o meu mundo corre o risco de mofar uma hora. Outra coisa que ficou bem claro foi a importância dos laços de família - não estou me referindo necessariamente a propagação dos genes, ou a redenção dos meus ancestrais. Estou falando mesmo da importância que eu ponho nos laços famíliares.
Quando estávamos todos no carro do infâme Pedro (meu pai, minha mãe, meu marido e eu), e que vimos nossa vida correr risco, conseguimos ser mais fortes justamente porque estávamos juntos - e permanecemos fortes, porcausa da força que demos um pro outro.
Agora, tomar a decisão de tentar ter filhos é uma coisa. Ter os filhos é outra... Isso, só Deus vai dizer. Lavo minhas mãos, e humildimente me abro então pro milagre da vida; pros filhos da esperança.
Carol
Eu nunca tinha parado pra pensar no entanto, o que isso realmente significaria, ou como essa experiência me afetaria... O hotel em si, era muito bonito, 5 estrelas, mas eu achei o ar meio deprimente logo no primeiro. As pessoas ficavam ali fumando seu charutos, conversando sobre a vida, mas era como se tudo isso fosse mera retórica (e com um certo cheirinho de mofo), pois não havia a presença da forma mais absoluta de vida. O clima era de algo meio parado no ar, sem espontaneidade, sem pulso, as vezes falso, as vezes confinado.
Fiquei pensando em como é bom descer pro café da manhã de hoteis, e ver criancinhas fazendo caretas ao experimentar frutas que nunca viram, ou ir pra praia e ver um mundo novo se abrir ao pisar no mar pela primeira vez. No nosso hotél, não havia renovação, não havia descobertas, não havia magia. Quem estava ali, ja tinha vivido, aliás pode se dizer que alguns já tinham até morrido, mas continuavam a rondar assim, meio zombis.
E se Deus escreve certo por linhas tortas eu não sei, mas deve saber la o que faz, porque finalmente encontrei a minha resposta. Enquanto eu estava naquele hotel, fiquei pensando no filme Filhos da Esperança e num mundo completamente vazio dessa camada primordial da sociedade, um mundo sem crianças. A Nádia, uma amiga querida, me disse que a resposta pro meu dilema viria assim, sem eu pensar muito; que eu saberia e ponto. E enquanto eu fiquei ali, ficou muito claro que eu quero sim ter filhos.
Que fique claro o seguinte: essa resposta a qual encontrei, é a minha resposta. Não é uma resposta universal. Ainda acho que esse negócio de ter filho ou não é complicadíssimo, e bastante íntimo, e é uma conversa a qual deveríamos estar sempre abertos, mas não tem como negar: o diálogo final geralmente se dá apenas entre a mulher e Deus.
O que ficou claro pra mim, é que invariavelmente, a gente envelhece, e que criança traz renovação, traz descobertas, traz o novo. E sem essa renovação, eu acho que o meu mundo corre o risco de mofar uma hora. Outra coisa que ficou bem claro foi a importância dos laços de família - não estou me referindo necessariamente a propagação dos genes, ou a redenção dos meus ancestrais. Estou falando mesmo da importância que eu ponho nos laços famíliares.
Quando estávamos todos no carro do infâme Pedro (meu pai, minha mãe, meu marido e eu), e que vimos nossa vida correr risco, conseguimos ser mais fortes justamente porque estávamos juntos - e permanecemos fortes, porcausa da força que demos um pro outro.
Agora, tomar a decisão de tentar ter filhos é uma coisa. Ter os filhos é outra... Isso, só Deus vai dizer. Lavo minhas mãos, e humildimente me abro então pro milagre da vida; pros filhos da esperança.
Carol
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