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08/05/2010

Comprometida (Committed)

Mais uma vez, estou me deliciando com o livro mais novo de Elizabeth Gilbert - Committed (ainda sem tradução em português). Dessa vez, a autora de Comer, Rezar, Amar tenta refletir, analizar, entender, e fazer as pazes com a instituição do casamento.

O livro não fez muito sucesso aqui ainda, desde que foi lançado em Março desse ano. Mas se pararmos pra pensar, o tremendo sucesso de vendas de Comer, Rezar, Amar também não foi imediato. Tampouco foi um sucesso de crítica logo em seu início de vida.

Elizabeth Gilbert escreve mais uma vez, com uma vontade voraz de entender as bagunças de seu próprio coração e da sua própria geografia. Ela é despretenciosa e em nenhum momento tenta convencer o leitor de que sua proposta é avaliar a instituição do casamento ao ponto de revolucionar os estudos antropológicos ou sociais a respeito.

A proposta do livro é simples: uma mulher traumatizada por relacionamentos,  recebe um cheque-mate na vida quando o amor que ela finalmente escolheu é barrado pelas autoridades americanas de entrar no país, e a única solução que lhes é dada é o casamento. Assim se inicia então mais uma grande busca: achar humildade suficiente pra fazer as pazes com a mesma instituição que quase lhe comeu a alma um livro antes.

Como fez em Comer, Rezar, Amar, Gilbert se propõe a buscar um sentido pro momento em que esta vivendo onde for possível: amigos, parentes, conversas, yoga, e muitos livros sobre a teoria e a história do casamento (soa parecido?).


Committed, é só isso: um livro em que a autora reflete sobre si mesma, seus relacionamentos, durante uma busca incansável por sentidos, numa linguagem simples, e por vezes, hilária! E justamente na sua sinceridade simples, sua linguagem coloquial, e fatos interessantes aprensentados de maneira informal, a gente sente que está re-encontrando uma velha amiga! Retomando a conversa desde a última vez que nos vimos, e dessa vez sobre uma nova etapa na nossa vida.

Eu aposto que assim como seu livro anterior, o sucesso de Committed vai acontecer por recomendações de mulheres que sabem que casamento não é tarefa fácil e que é preciso muito jogo de cintura, bom humor, e reflexão pra se seguir adiante. A escritora é honesta em todas as páginas, e em nenhum momento pinta um casamento cor-de-rosa, mas também não pinta o apocalipse.

Jovens que ainda não são casadas, talvez não se empolguem tanto com essa "sequencia", mas eu garanto que o livro é delicioso (e traz um certo alívio) pra qualquer mulher que se vê debatendo com as questões do casamento - casar ou não casar, eis a questão. Ficar casada, ou não? Eis outra questão.

Uma das críticas que eu li é que "Liz" tenta ser um pouco socióloga, um pouco antropóloga e acaba não sendo nada. Eu discordo. Em nenhum momento, ela se propõe em apresentar uma tese sobre a história ou as implicações sociais do casamento e quem escreveu isso pegou o bonde andando.

Os fatos que ela escolhe dividir com seus leitores são bastante inteligentes, e pertinentes, mas a verdade é que eu nunca vou ler uma tese de doutorado sobre as origens Cristãs do casamento. O que Gilbert faz, é digerir e dividir algumas informações sensíveis sobre a história do casamento como se estivéssmos sentadas pra um bate-papo no Frans Café em São Paulo.

Ela faz isso de tal forma que toda essa conversa escolarizada tem finalmente uma chance de talvez passar a fazer parte das conversas de seus leitores (mulheres de classe média entre 25 e 40 anos, casadas ou contemplantes do casamento e que tem outras coisas pra fazer além de estudar a origem do casamento).

Eu tenho certeza que eu não vou ser a única leitora a me identificar com a autora nessa sua nova empreitada. E aprecio a sua generosidade em querer dividir comigo a sua busca em entender pelo menos um pouco mais (o pouco que nos é necessário na vida do dia-a-dia) o quão complicada é a questão de casamento, e como estamos todas no mesmo barco.

Aliás, pra mim, essa é a melhor parte de Committed. A sensação de que eu não estou sozinha e que minhas angústias e dúvidas da vida casada são divididas com mulheres que nem conheço. Existe um alívio nisso tudo, uma possibilidade de identificação e de um entendimento do qual eu acho que ainda não falamos muito abertamente.

Se você é como eu, "ajuntada" ou casada, jovem, feminista, e não liga pra o que os críticos do New York Times tem a dizer, então é uma livro que eu recomendo!

Boa leitura!
Carol

2 comentários:

Lili disse...

OBA!!!! Eu segui sua dica e li Eat, Pray, Love, e AMEEEEI! Estava meio que na dúvida se eu comprava esse Committed ou não, e vc acabou de tirar essa dúvida!
Tudo o que vc escreveu sobre a autora é exatamente o que eu senti quando li "EPL": foi como se eu estivesse sentada conversando com uma amiga (tipo: VOCÊ!!!).
Bjao!
Lili

Teresa disse...

Li e adorei o livro. Muito diferente do Comer, Orar e Amar, mas delicioso na mesma.