Uma outra coisa que me marcou muito em Cuba, foi o fato de que ficamos hospedados em um hotél que não admitia crianças. Eu sempre ouvi falar desses tipos de hotéis, e aqui no Canadá mesmo existe uma cultura de não poder trazer crianças pra certas funções - como por exemplo casamentos.
Eu nunca tinha parado pra pensar no entanto, o que isso realmente significaria, ou como essa experiência me afetaria... O hotel em si, era muito bonito, 5 estrelas, mas eu achei o ar meio deprimente logo no primeiro. As pessoas ficavam ali fumando seu charutos, conversando sobre a vida, mas era como se tudo isso fosse mera retórica (e com um certo cheirinho de mofo), pois não havia a presença da forma mais absoluta de vida. O clima era de algo meio parado no ar, sem espontaneidade, sem pulso, as vezes falso, as vezes confinado.
Fiquei pensando em como é bom descer pro café da manhã de hoteis, e ver criancinhas fazendo caretas ao experimentar frutas que nunca viram, ou ir pra praia e ver um mundo novo se abrir ao pisar no mar pela primeira vez. No nosso hotél, não havia renovação, não havia descobertas, não havia magia. Quem estava ali, ja tinha vivido, aliás pode se dizer que alguns já tinham até morrido, mas continuavam a rondar assim, meio zombis.
E se Deus escreve certo por linhas tortas eu não sei, mas deve saber la o que faz, porque finalmente encontrei a minha resposta. Enquanto eu estava naquele hotel, fiquei pensando no filme Filhos da Esperança e num mundo completamente vazio dessa camada primordial da sociedade, um mundo sem crianças. A Nádia, uma amiga querida, me disse que a resposta pro meu dilema viria assim, sem eu pensar muito; que eu saberia e ponto. E enquanto eu fiquei ali, ficou muito claro que eu quero sim ter filhos.
Que fique claro o seguinte: essa resposta a qual encontrei, é a minha resposta. Não é uma resposta universal. Ainda acho que esse negócio de ter filho ou não é complicadíssimo, e bastante íntimo, e é uma conversa a qual deveríamos estar sempre abertos, mas não tem como negar: o diálogo final geralmente se dá apenas entre a mulher e Deus.
O que ficou claro pra mim, é que invariavelmente, a gente envelhece, e que criança traz renovação, traz descobertas, traz o novo. E sem essa renovação, eu acho que o meu mundo corre o risco de mofar uma hora. Outra coisa que ficou bem claro foi a importância dos laços de família - não estou me referindo necessariamente a propagação dos genes, ou a redenção dos meus ancestrais. Estou falando mesmo da importância que eu ponho nos laços famíliares.
Quando estávamos todos no carro do infâme Pedro (meu pai, minha mãe, meu marido e eu), e que vimos nossa vida correr risco, conseguimos ser mais fortes justamente porque estávamos juntos - e permanecemos fortes, porcausa da força que demos um pro outro.
Agora, tomar a decisão de tentar ter filhos é uma coisa. Ter os filhos é outra... Isso, só Deus vai dizer. Lavo minhas mãos, e humildimente me abro então pro milagre da vida; pros filhos da esperança.
Carol
Um comentário:
Carol!!! Quantas linhas e entrelinhas nesse seu texto!!!
Nao vejo a hora de te encontrar para conversarmos mais sobre isso! Entendo suuuper esses dilemas todos...
BAJO!
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