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01/06/2010

Em homenagem a Lola (e ao Kenny, ao Raja, ao Dickie, e ao Sheike)

Na semana passada, eu li um artigo no Globe and Mail, jornal renomado de Toronto, sobre uma história de família. A autora contava como a sua cachorra Lily, a ensinou a ser mãe. No Brasil, poucos entendem o meu profundo respeito, e amor infinito pelos meus "filhos" de quatro patas. Outro dia conversando com a minha mãe sobre a possibilidade de ter filhos, ela comentou algo sobre ter uma família de três. Talvez pra surpresa da minha mãe, eu respondi: não mãe, o dia que a gente tiver um filho, a nossa família vai ser composta por quatro indivíduos - Eu, o Mike, o neném, e a Lola (que vai ser a irmã mais velha). Se eu conheço minha mãe pelo menos um pouco, ela deve ter balançado a cabeça e pensado: "só a Carolina". Mas não sou só eu que tenho o meu cachorro como um membro da família como outro qualquer. O meu amor pela Lola não é compensação. É um amor dedicado, e de respeito a criação divina. Quando eu olho dentro dos olhos da Lola, uns olhos pretos profundos, redondos, cheio de ternura, eu me lembro da bondade que ainda existe nesse mundo. A Lola, na sua condição de cadela, faz com que eu ofereça pro mundo o melhor que existe em mim de humano. Eu tive cachorros quando eu era criança, mas quando eu era pequena (e bem pequena, porque tivemos cachorros até sairmos do Rio, quando eu tinha nove anos) meus pais eram mais donos dos cachorros do que eu e meu irmão, e não preciso dizer que o amor deles pelos caninos não era exatamente como o meu (já naquela época, eu preferia mil vezes o Raja e o Dickie do que algumas pessoas que vinham na nossa casa). Hoje, quando eu olho pra trás, e penso nos meus cachorros de infância e no Kenny, eu tenho memórias e marcos importantes de vida, que se concretizaram ao redor dos meus amigos peludos. O Kenny aliás, faz parte (assim como a Lola, claro) da parede que dedicamos a fotos de membros da família - avós, pais, irmãos, sobrinhos, e como não podia faltar: caninos. A Lola me ensinou que nenhum dos meus móveis (babado, ou roído) vale mais do que um carinho; que eu sou responsável pelo bem-estar do meu cachorro tanto de dia, quanto a noite (mesmo que isso signifique acordar as duas da manhã pra ter que abrir a porta pra Lola ir fazer xixi); me ensinou que eu tenho gastos (a conta veterinária do ano passado foi quase uma passagem pro Brasil!) que vão além dos meus desejos supérfulos; me ensinou que sair de sexta-feira a noite é um privilégio (acontencimento raro, mas que hoje eu valorizo e por nenhum momento eu tenho como garantido). Mas o mais importante, os meus cachorros me ensinaram a ter paciência, a respirar fundo, a sorrir, a rir, a ser mais light, a amar sem expectativas, a demonstrar carinho, a aceitar carinho (mesmo que venha cheio de baba), a limpar cocô (de onde quer que seja - quintal ou sala), e que vômito vem sem aviso prévio, onde quer que seja (e sou eu, como a "gente grande" de casa, que limpo). Soa remotamente parecido com o que sabemos de maternidade? Pra quem quiser ver o artigo original, eu coloquei o link aqui no meu post - Lily: a história no Globe and Mail. Vale a pena. A história é triste, mas muito bonita. Pra quem ama cachorros, gatos, passarinhos, tartarugas, mas se sente pressionado por pessoas que questionam o amor pelos animais (diante de tanta miséria humana no mundo) eu digo: mantenha-se forte. No meu ver, amor é infinito e incondicional e me sinto uma pessoa mais feliz por escolher amar mais - o meu amor pela Lola não exclui o meu amor por crianças, velhinhos, ou causas humanitárias. Aliás, amor se multiplica... É só a gente se permitir. E quanto mais amor nesse mundo já tão triste, melhor. E o dia que eu tiver filho, a Lola vai ter um papel fundamental na vida dessa criança, sendo parte integral de lições sobre generosidade, carinho, paciência, cuidado, e amor. Aqueles que ja deram um cheiro na orelha de um cachorro, sabem do que eu estou falando. Se não é o seu caso, espero que uma hora você se permita deixar sentir esse carinho que vem dos amigos do reino animal.. Acredite, uma lambida molhada pode trazer um sorriso, e um sorriso pode fazer toda a diferença... tchAU-tchAU Carol

Um comentário:

Babú disse...

vc lembra, carol? eu sempre disse que foi o kenny quem me ensinou como ser humano... acho assim ainda. e nossa lola? nossa!