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(O Porto Feminino é um blog sem fins lucrativos, que existe desde 2007. Todos os textos foram escritos por Carolina Miranda, e são portanto de autoria original. Não existe qualquer vínculo entre o Porto Feminino e o Porto Feminino Shop).

27/06/2010

Malabarismos pra qualquer hora, e não só pra hora certa

Na sexta a noite, fiquei conversando com uma amiga minha querida pelo Facebook. Fazia tempo que a gente não se "encontrava" e infelizmente tivemos que cortar a conversa porque o Mike precisava da corda do computador pra terminar um trabalho (a gente fica nesse malabarismo com a tal da corda pros dois laptops, porque a Lola comeu a outra corda). Enfim, depois que disse tchau, meio apressadamente, no ápice da conversa, fiquei pensando... Ela lá, empacada com seu mestrado, aflita com o mundo, e como ela mesmo descreveu, vivendo quase que numa bolha. E irônicamente na sexta a tarde, antes de eu sequer imaginar que ia encontrar minha amiga online, me emocionei o voltar pra casa do trabalho, pensando em como a minha vida pode ser melhor, em como eu posso viver mais livremente, se eu me permitir. E compreendi que essa liberdade de (como colocou minha amiga) "saber flutuar" é assustadora. Na sexta a tarde, eu tive uma reunião com uma Doutora de educação a qual eu estava pensando em contactar ja fazia quase dois anos. Por qualquer razão que eu não entendo, eu fiquei postergando essa decisão - talvez tenha sido falta de confiança em mim mesma de que eu não estou pronta pro mestrado, talvez tenha sido mêdo das reviravoltas que essa decisão traria pra minha vida. Eu finalmente resolvi escrever pra ela, porque ouvi rumores de que talvez ela estaria se aposentando em breve! Não queria perder a chance e morrer de arrependimento. Na nossa reunião, conversamos sobre as minhas idéias (ainda bem vagas) sobre um possível mestrado, mas também senti uma obrigação de ser honesta com ela desde o começo e coloquei que há a possibilidade de eu engravidar e ter um filho no meio do mestrado, e eu entenderia se ela não quisesse trabalhar comigo. Pro meu alívio, a minha proposta de gravidez combinada ao mestrado não pareceu assustar a mulher com quem eu estava conversando. Muito pelo contrário - ela me parabenizou pela decisão de ir adiante com minha vida, disse que ela mesmo tinha três filhos, e que a vida é assim: a gente vai alterando as bolas do malabarismo uma a uma (me lembrei da Lola que vive me ensinando essas lições). Quando voltei pra casa, antes de encontrar minha amiga online, fiquei pensando em tantas possibilidades que eu joguei fora, rejeitei mesmo, com a esperança de esperar que a hora certa chegasse. Talvez isso venha com a idade... Não sei. Mas eu sei que quando cheguei em casa, me senti grata, e cheia de satisfação porque pela primeira vez, eu estou disposta a não me preocupar em controlar os acontecimentos da minha vida. Aliás, acho que essa foi a minha grande descoberta essa semana (e que muitos de vocês devem estar pensando - nossa, demorou!), mas eu passei a aceitar que se eu quiser mesmo ser feliz, e me abrir pra vida, eu tenho que parar de tentar controlar tudo ao meu redor, e começar a simplesmente administrá-la melhor de acordo com algumas escolhas que ainda me cabem. Quanto mais a gente tenta controlar os resultados, impor condições do que precisamos pra viver e pra ser, mais a teimosa vida se recusa a desenrolar, a desenvolver como que nos ensinando com irônia a lição de que temos que ter mais respeito e humildade com relação ao Divino e ao mistério. Mas se aceitamos a vida, e ainda assim vamos adiante sem desistir, então ela se revela. Agora, não estou falando de catástrofes, de politicas... Como por exemplo aceitar as bárbaridades que acontecem no mundo todo o dia. Não, eu não fecho os olhos pra elas, mas esse posting não é sobre "essa" vida. Estou me referindo a vida interna, não a vida coletiva social. Estou me referindo ao núcleo familiar que temos e formamos, e a vida individual que nos propomos levar adiante. E pra minha amiga (e pra quem mais leia esse texto), fica aqui um desejo: desejo que você se permita, sem se impor tantas regras, tantas condições. Viver, como ja foi dito, ultrapassa qualquer entendimento. Se libere e se abra sem expectativas, dando sempre o melhor de si, porque talvez outras possibilidades estão esperando pra se mostrar pra você, mas você não vai ver se continuar teimando em olhar pra vida do jeito que você quer vê-la. Deixe que o mistério se revele, e a vida se mostre. Respire fundo, reze, vá sempre adiante, mas seja humilde. E você vai ver que a sua generosidade com você mesma vai ampliar e trazer uma generosidade maior ao seu redor. Foque sua energia no que você pode mudar, e deixa que o resto simplesmente aconteça. Com carinho, Carol

Um comentário:

Anônimo disse...

Seu post não poderia ter sido mais bonito e sincero. Obrigada pela amizade, pela força.
Espero podermos continuar nossa conversa pessoalmente (muito em breve)!
Amo você, Gi.