Aviso Importante:

(O Porto Feminino é um blog sem fins lucrativos, que existe desde 2007. Todos os textos foram escritos por Carolina Miranda, e são portanto de autoria original. Não existe qualquer vínculo entre o Porto Feminino e o Porto Feminino Shop).

03/01/2010

Escolhas

No meu blog antigo, eu ja tinha escrito extensivamente sobre escolhas. Mais uma vez me vejo envolta não só pelo poder que se existe em fazer escolhas, mas também pela capacidade de entender que cada uma das nossas escolhas resultam em consequências enormes.

Quase tudo nessa vida são escolhas. A gente só não escolhe as fatalidades, como nascer ou morrer... O resto, somos nós que escolhemos como levar nossa vida a diante. Com qual a medida de dignidade e força, de delicadeza e destreza, vamos a diante.

Eu passei meu ano novo questionando essa habilidade que temos de realmente honrar nossas escolhas com sinceridade. Mais precisamente, me vi novamente rodeada por mulheres que tem muito a oferecer, mas que escolheram ser unicamente mães. Nada mais. São mães em tempo integral. E existe um conflito interno geral com essa escolha que me assusta imensamente.

Ultimamente, existe aqui na América do Norte, uma pressão enorme pra que as mulheres voltem a ficar em casa, cuidando dos filhos. Existe uma percepção (ao meu ver) errônea de que essa é a única maneira de se criar crianças emocionalmente saudáveis.

Antes do Reveillón - rodeada por cinco crianças, e duas amigas que estão em negação sobre suas profundas crises emocional (porque escolheram ser mães e nada mais)  - eu estava considerando ter filhos ainda esse ano...

Depois desse turbilhão de choro, vômito, febre, e muita crise,  eu resolvi ao invés, me propor sérias reflexões e questionamentos a respeito dos temas que sempre me rodearam (e fascinaram) desde os últimos anos de colegial: quais as várias faces da mulher moderna? O que ainda nos impede de achar satisfação pessoal e prazer? Qual o relacionamento da mulher moderna com sua fertilidade e a sua função de mãe?

O que eu vi me assustou. Minhas amigas (inteligentes, viajadas, e uma vez fortes) se perdendo desesperadamente num mar solitário de ressentimentos que elas mal conseguem articular (na minha percepção, por culpa). Elas depositaram todas as suas fichas nos seus filhos, sem perceber que depositar tudo que se tem em uma conta só é um investimento ingênuo e perigoso. Principalmente numa conta tão volátil, da qual se tem tão pouco controle.

Quando deu meia-noite e meia, eu me vi sentada com meu marido, questionando tudo que eu sei, tudo o que eu não sei, e tudo que eu achei que sabia. Sentamos apenas nós dois, com um caderninho, e resolvemos escrever algumas propostas pra o ano de 2010. Não quero chamá-las resoluções, porque por enquanto pelo menos, todas as nossas anotações são possibilidades e investigações interiores.

Resolvemos dedicar o ano de 2010 as investigações e questionamentos de quem somos hoje, do que não queremos abrir mão, de quais os valores que são importantes na nossa vida...

Escolhi o ano de 2010 pra ser o meu ano. O ano em que eu vou mergulhar em mim, me permitir, pra submerjer mais forte. Mas antes que eu volte a superfície, eu quero ter a coragem de me olhar no espelho d'água (naquele momento breve e sagrado antes de vir a superfície, em que se a gente prestar atenção, nos vemos refletidos ao contrário) e me perguntar: o que eu quero pra mim? Quem sou eu? Qual é realmente a minha missão, a minha contribuição pra esse mundo?

Uma das primeiras coisas que me veio a cabeça, assim, meio do nada, levada pela energia que passei a mer permitir acessar, foi que eu tinha que ler o livro da Elizabeth Gilbert "Comer, Rezar, Amar - A busca de uma mulher por todas as coisas da vida na Itália, na India e na Indonésia".  Duas mulheres que eu conheci por aqui ja tinham brevemente comentado sobre esse livro há algum tempo. E como geralmente acontece comigo, são os livros que me pedem pra lê-los. Esse veio na minha mente durante a noite de ano novo com uma força arrebatadora. Quase que como se agora, eu estivesse pronta pra lê-lo.

O que estou me propondo pro ano de 2010, é uma viagem extensa, detalhada, e aberta do meu ser, do meu interior. Coincidentemente, é justamente o ano em que eu faço 30 anos. Existe algo de cabalístico nisso tudo. 2010 termina numa soma 3, meu aniverário é no dia 3 do mês 12, que também, somado dá 3... Os dígitos de 30 anos somados dão 3... Três é o número perfeito. É a condição do triângulo, da forma geométrica mais sólida que há nesse mundo, da santa trindade... Me dei conta de tudo isso agora, enquanto eu escrevia... Mas me apetece a cada momento, e reinforça que 3 é realmente um número mágico, e que assim como também percebeu Elizabeth Gilbert (não acredito que por coincidência), contém uma força mística impressionante.

Como eu não tenho dinheiro ou tempo pra buscar todas as coisas da vida em outros continentes, me resolvi por uma busca um pouco mais barata, porém não menos autêntica. Vou buscar fontes de prazer, fé, e amor em mim, e ao meu redor, com toda minha honestidade e força.

Comecei portanto, ao comprar o tal do livro. Mas fui comprá-lo sozinha.. Me dei a oportunidade de sentar num café delicioso, e tomar meu chocolate-quente favorito do Star Bucks (non-fat, no whip, just drizzle, please). E saboreando os dois - o chocolate, e o livro - comecei no dia 02 de Janeiro de 2010, a minha jornada.

Pretendo documentá-la e terminá-la até o dia 02 de Dezembro - e me dar essa jornada de presente pra mim, e pra quem mais quiser dividí-la comigo, de aniversário... Pra onde vamos (eu, meu marido, e qualquer amigo ou leitor que venha a acompanhar essa viagem) eu não sei. Nem qual as resoluções a que vamos chegar. Mas pretendo relatar por aqui, uma vez por semana, descobertas que venham a ser fundamentais pra o meu entendimento da minha condição de mulher moderna e qual o meu lugar no mundo.

Fica aqui então meu brinde - sem filhos, sem resoluções, sem promessas.
De coração aberto e pés no chão, que venha o mistério da vida.
Que venha 2010.





Um comentário:

Lili disse...

A-DO-REI!!!! Que bom que voltou a escrever, Carol! Quantas verdades no seu texto...
Sobre o livro que nos escolhe, sobre nossas escolhas...
Enfim, Eu trouxe pouquíssimos livros do Brasil para cá (única e exclusivamente por conta do peso), e um dos poucos que "pediram" para vir foi o "Livro dos Prazeres", que vc me deu muitos anos atrás. Não comecei a ler ainda, mas ele está na mesinha do lado da minha cama! Quanto às outras escolhas, ai... como eu queria falar mais sobre elas com alguém que me entendesse... aí li seu texto e vi que meus questionamentos não são só meus! Thanks for sharing!!!
Bjao,
Lili